Nossa dívida a Mark Fisher — Alex Niven
Mark Fisher faleceu há quatro anos. Em tempos difíceis, seus escritos mostraram a uma nova geração que outro mundo era possível, e abriram o caminho para um renascimento socialista.
Mark Fisher faleceu há quatro anos. Em tempos difíceis, seus escritos mostraram a uma nova geração que outro mundo era possível, e abriram o caminho para um renascimento socialista.
Alain Badiou analisa neste ensaio a filosofia francesa contemporânea, buscando encontrar quais eram os traços peculiares e especiais deste momento da História da Filosofia que vai de Sartre até os últimos escritos de Deleuze.
Badiou elenca 6 elementos que, para ele, definiram tal “aventura filosófica”: instaurar uma nova relação entre conceito e existência; inscrever a filosofia na modernidade e levá-la para fora da academia, pondo-a em circulação no cotidiano; abandonar a oposição entre filosofia do conhecimento e da ação; inventar o que Badiou chama de “filosofia militante”; engajar-se num diálogo com a psicanálise; reinventar a figura do filósofo-escritor.
Com a eleição de Jair Bolsonaro a presidente do Brasil, Antonio Negri reflete sobre o ressurgimento global da extrema direita, e afirma: o novo governo brasileiro resgata do fascismo histórico a fabricação de identidades, de um “grande inimigo”, e de uma memória histórica falsa; mas no plano econômico e governamental, a gestão Bolsonaro faz parte de um nova fase do capitalismo, na qual o pacto democrático-liberal começa a ruir, e a maneira criada pelas classes dominantes de manejar a crise consiste em manipular e mediar a aplicação das leis constitucionais, de modo a praticar medidas autoritárias sem alterar uma vírgula da Constituição.
Costuma-se pensar que o transfeminismo e o feminismo lésbico são inerentemente opostos um ao outro – mas para Alyson Escalante, se as duas correntes se dispuserem a entrar em diálogo, há importantes lições que uma pode ensinar à outra.
Basta ouvir qualquer liberal na internet por algum tempo para perceber que um de seus argumentos mais recorrentes será o de que “países capitalistas são democráticos, e Estados socialistas são ditaduras”— mas será que esta afirmação é verídica? Neste pequeno artigo, Shikha explica didaticamente o caráter ilusório da “democracia” capitalista, cuja maior evidência reside na interferência empresarial em eleições governamentais.
Enzo Traverso disserta neste pequeno ensaio sobre o elusivo significado do novo movimento populista horizontal da França. Poderiam os Coletes Amarelos atingir seus objetivos sem erguerem uma bandeira vermelha?
Neste texto, Žižek comenta sobre os protestos dos Coletes Amarelos e afirma que é impossível implementar as reivindicações dos manifestantes no sistema capitalista atual — ao mesmo tempo, os Coletes Amarelos também não são, para o autor, ambiciosos o suficiente para provocarem uma mudança rumo a uma nova realidade não-capitalista, mais igualitária e ecologicamente sustentável.
Os protestos dos Coletes Amarelos botaram de pernas pro ar o establishment político francês nestes últimos meses. Poucas vezes existiu um presidente tão odiado quanto Macron é hoje, e sua liderança aparenta cada vez mais fragilizada. Neste artigo, Dardot e Laval analisam os protestos e o que eles podem significar para a política francesa. Pontos notáveis do texto incluem uma explicação do motivo que impulsiona a recusa dos Coletes Amarelos de serem representados por meio de porta-vozes e partidos, a defesa e elogio de ações de democracia direta tomadas por certos grupos dentro do movimento, e o ataque dos autores àquilo que chamam de “quietismo político” e “fatalismo” advindo de certas figuras possuidoras de suposta certeza absoluta do destino fascista do movimento.
Loren Balhorn entrevista o autor e cineasta Klaus Gietinger sobre seu novo livro, Um Cadáver no Canal Landwehr [Eine Lieche im Landwehrkanal; O Assassinato de Rosa Luxemburg na tradução inglesa da Verso]
Algo que vem causando muita, muita dor de cabeça em quem se presta a analisar o movimento dos Coletes Amarelos é a estranha unidade e coesão que este possui, mesmo não tendo sido fruto de grandes organizações e sim da reunião de diversas iniciativas locais. Neste texto que traduzimos, o sociólogo francês Samuel Hayat oferece uma possível explicação para isso: a defesa, pela ampla maioria dos membros do movimento, de pautas que nascem de uma “economia moral”, termo criado por E. P. Thompson para descrever uma maneira (conservadora) de abordar as relações econômicas muito comum nos movimentos e revoltas do século XVIII.