Herbert Marcuse, 1969

Neste texto, Marcuse nos rememora a importância e a força dos conceitos utópicos, e utiliza uma frase dos muros de paris de 68 como exemplo: “Sejamos realistas, exijamos o impossível”. Hoje, mais do que nunca, o pensamento de Herbert Marcuse se faz necessário: a sociedade atualmente é mais unidimensional do que no próprio tempo de Marcuse. antes era possível dizer sobre comunismo e o fim da sociedade que era colocada; hoje, fazendo referência ao texto de Mark Fisher, “é mais fácil imaginar o fim do mundo do que o fim do capitalismo”.
O movimento estudantil é posto como minoria dirigente a fim de articular o que está reprimido nas massas, isto é, são eles que fazem com que a utopia encarne nas aspirações do povo. Marcuse atinge o cerne da reflexão quando contrapõe os reinos da liberdade e necessidade – aqui é inserida a problemática da mudança qualitativa. Aqui se montam os conceitos utópicos e a necessidade de um novo sujeito para a realização de uma sociedade qualitativamente diferente.
É preciso reler Marcuse. O tempo de efervescência passou: agora é preciso voltar ao autor e desvelar sua “essência”. Marcuse é muito mais do que o movimento de contracultura dos anos 60, este texto é uma brecha para despertar o novo leitor ou, inclusive, aquele que leu para voltar a Marcuse. Hoje, o terror novamente se apresenta de forma escancarada; no entanto, a pergunta que se levanta é: Temos como combatê-lo? Marcuse pode nos ajudar, revelando as potencialidades escondidas nos escombros desta realidade decadente…

Fiquei muito contente em ouvir esta manhã meu amigo Norman Birnbaum em sua apresentação falando dos conceitos utópicos e da maneira em que estes se traduzem na realidade, ou pelo menos estavam no processo de serem traduzidos dentro da realidade devido aos acontecimentos de maio e junho na França.

Fico igualmente feliz e me sinto honrado de falar com você hoje na presença de Ernst Bloch, cuja obra Geist der Utopie, publicada há mais de quarenta anos, tem influenciado pelo menos a minha geração e tem mostrado o quanto podem ser realistas os conceitos utópicos, quão próximos à ação e quão próximos à prática [podem ser].

Eu quero seguir por esse caminho. Não me deixarei convencer por uma das ideologias mais viciadas da atualidade, a saber, a ideologia que derroga, denuncia e ridiculariza as imagens e os conceitos mais decisivos da sociedade livre como meramente “utópicos” e “somente” especulativos. Pode ser que, precisamente naqueles aspectos do socialismo que são ridicularizados na atualidade como utópicos resida a diferença decisiva, o contraste entre uma autêntica sociedade socialista e as sociedades estabelecidas, incluindo até mesmo as sociedades industriais mais avançadas. Penso que hoje estamos sendo testemunhas de uma revolta contra aspectos e ideias do socialismo que eram tabus, uma tentativa de recuperar aspectos e imagens reprimidas do socialismo que estão voltando a praça pública de novo e que estão sendo vivificadas e ativadas pelos movimentos dos estudantes.

Gostaria de adotar como lema de minha palestra uma das frases expostas sobre os muros da Sorbonne de Paris, que parece marcar a mesma essência do que está acontecendo atualmente. O escrito diz: “Soyons réalistes, demandons l’imposible!” Sejamos realistas, exijamos o impossível. Acredito que esta frase marca um ponto de inflexão no desenvolvimento das sociedades estabelecidas, e talvez não só nas sociedades capitalistas, e acredito que, em vista desse fato, nenhuma reavaliação dos conceitos marxistas é possível hoje sem se referir aos movimentos dos estudantes.

Em primeiro lugar, não penso que os estudantes por si mesmo constituam uma força revolucionária. Nunca sustentei que atualmente os movimentos dos estudantes estejam substituindo a classe operária como força revolucionária; semelhante afirmação, obviamente, é sem sentido. O que o movimento estudantil hoje representa não é sequer uma vanguarda por trás das massas revolucionárias, mas uma minoria dirigente, uma minoria militante que articula o que ainda está inarticulado e reprimido entre a vasta maioria da população. E neste sentido de movimento intelectual, e não apenas de uma vanguarda intelectual, o movimento estudantil é algo mais que um movimento isolado; é, antes, uma força social capaz de (e eu espero que assim seja) articular e desenvolver as necessidades e aspirações das massas exploradas nos países capitalistas.

O movimento estudantil nestes países ilumina a distância que separa as ideologias tradicionais, incluídas as ideologias socialistas (ideologias reformistas tanto como ideologias radicais esquerdistas), da realidade em que vivemos atualmente. O movimento estudantil tem revelado a inadequação dos conceitos tradicionais da transição do capitalismo para o socialismo e a inadequação do conceito tradicional de socialismo em vista das reais possibilidades atuais do socialismo.

O movimento estudantil tem redefinido o socialismo, e nos convém aceitar esta redefinição porque corresponde às possibilidades de construir a sociedade socialista ao nível alcançado pelo desenvolvimento material, técnico e cultural. Esta redefinição do socialismo leva em conta forças e fatores de desenvolvimento que não têm recebido uma atenção adequada na teoria e na estratégia marxistas. Esses fatores e forças não são acontecimentos estranhos, não são a superfície, nem desenvolvimentos superficiais, mas sim tendências inerentes a estrutura do capitalismo avançado e que resultam dela. Devem ser incorporadas à teoria marxista se esta quer continuar sua tarefa de guiar a ação radical e revolucionária.

Gostaria de salientar desde o começo que essa redefinição do socialismo, esse reexame do marxismo, não se descreve adequadamente como “humanismo socialista”.

Existe no movimento estudantil uma aguda crítica ao conceito de humanismo, incluído o de humanismo socialista, enquanto ideologia burguesa, uma crítica que pode ser facilmente mal-entendida. O humanismo, de acordo com essa crítica, é um termo para um ideal que ainda cheira a repressão, ainda que seja uma repressão refinada e sofisticada, de interiorização, sublimação da liberdade e igualdade. O jovem militante de hoje sente na ideia de humanismo um grau de sublimação que já não está disposto a tolerar, porque já não é necessário para o progresso humano. Não é necessário nem para a emergência de uma sociedade livre, nem para a emergência de indivíduos livres. Para estes jovens militantes o termo humanismo é inseparável da alta cultura afirmativa da sociedade burguesa. É inseparável da ideia repressiva de pessoa ou personalidade que se “auto realiza” sem exigir demais do mundo, pondo em prática o grau de resignação requerido socialmente. Para eles, o humanismo segue sendo um conceito idealista que subestima o poder e o peso da matéria bruta, o poder e o peso do corpo, da biologia mutilada, do homem, de seus instintos vitais mutilados.

Não é preciso dizer que esta crítica não se aplica ao humanismo socialista que se converteu em uma arma política na luta contra as formas opressivas de construção socialista. Lá, o humanismo socialista pode perfeitamente emergir como uma força material de libertação.

Para os militantes da nova esquerda, o conteúdo do socialismo é preservado (aufgehoben) em um conceito de sociedade livre mais radical, mais “utópico” e, ao mesmo tempo, mais realista, uma visão do socialismo que pode talvez ser caracterizado do melhor modo possível como uma nova relação entre o reino da liberdade e o reino da necessidade, que difere da clássica concepção desta relação em O Capital de Marx.

Lembrarei brevemente a concepção marxista clássica. A liberdade humana em seu sentido verdadeiro só é possível para além do reino da necessidade. O reino da necessidade mesmo se mantém sempre como um reino da não liberdade, e o máximo que se pode alcançar é uma redução significativa da jornada de trabalho, e um alto grau de racionalidade e de racionalização. Assim, essa concepção tipifica a divisão da existência humana entre um tempo de trabalho e um tempo livre, a divisão entre razão, racionalidade, de um lado, e prazer, alegria, plena satisfação, de outro, a divisão entre trabalho alienado e não alienado.

De acordo com esse conceito clássico marxista, o reino da necessidade seguirá sendo uma esfera da alienação ainda que muito se reduza a jornada de trabalho. Além disso, essa concepção parece implicar que a atividade humana livre é essencialmente distinta, e deve permanecer assim, do trabalho socialmente necessário. Tampouco parece aplicável a uma sociedade industrial altamente desenvolvida a noção marxista do indivíduo completo que pode fazer uma coisa hoje e outra amanhã. Já que haviam centenas e milhares de pessoas que queriam ir pescar ao mesmo tempo ou ir caçar ao mesmo tempo, que queriam escrever poemas ou críticas ao mesmo tempo. Estas condições não se adequam exatamente a imagem da liberdade. Sou consciente do fato de que ainda há outro conceito marxista da relação entre liberdade e necessidade na famosa passagem citada frequentemente nos Grundrisse der Kritik der politischen Oekonomie. Este conceito prevê condições de completa automatização onde o produtor imediato é, em efeito, “dissociado” do processo material de produção e se converte em um “Sujeito” livre no sentido de que pode jogar, experimentar com o material técnico, com as possibilidades da máquina e das coisas produzidas e transformadas pelas máquinas. Mas, pelo o que sei, essa visão realmente avançada de uma sociedade livre foi aparentemente abandonada pelo próprio Marx e não volta a aparecer no O Capital ou em seus últimos escritos.

A concepção clássica de O Capital é parte da noção básica marxista de acordo com a qual o desenvolvimento desenfreado das forças produtivas é uma precondição e prova do socialismo. Essa posição subordina a liberdade à produtividade, ao aumento constante da produtividade: a liberdade, o grau, extensão e nível de liberdade conseguidos dependeriam do grau de produtividade conseguido, do nível de desenvolvimento das forças produtivas conseguido. Mas, que tipo, que modo, que direção de desenvolvimento das forças produtivas? Esse não é um problema, ou pelo menos não parece ser um problema, contanto que prevaleçam a escassez e a pobreza: sua abolição é o objetivo principal. Mas então as conquistas do progresso técnico abrem outro problema.

Nas assim chamadas “sociedades afluentes”, as sociedades capitalistas desenvolvidas tecnicamente, vemos um desenvolvimento duplo. Por um lado, o progresso capitalista aumenta constantemente a quantidade de mercadorias necessárias que podem ser adquiridas no mercado pelo poder de compra disponível. Isso significa nestes países uma taxa crescente de produção dos assim chamados bens de luxo, incluída a chamada indústria de defesa, e uma crescente produção de desejos e inutilidades, enquanto nas extremidades da sociedade se conservam amplos setores de pobreza e miséria.

Isso significa, também, a extensão da esfera de necessidade dentro da esfera da liberdade. Sempre mais coisas inúteis, sempre mais chamados “bens de luxo”, sempre mais mercadorias e serviços de entretenimento têm que ser comprados com o fim de alcançar esse nível de existência onde você tem o privilégio, em virtude de seu poder de compra, de, ao menos, uma moderada liberdade dentro do entranhável da sociedade capitalista. Neste sentido, podemos dizer que, no capitalismo avançado, o desenvolvimento das forças produtivas equivale ao desenvolvimento da servidão voluntária, voluntária, claro, em sentido irônico. O novo automóvel que você tem que adquirir a cada dois anos, o novo televisor que você tem que comprar com o fim de poder estar à altura de seus vizinhos e pares, todos estes instrumentos e mercadorias incrementam e intensificam sua dependência dos cada vez mais vastos aparatos de produção e distribuição, controlados pelos poderes dominantes.

Existe ainda outro aspecto desse desenvolvimento. A crescente produtividade do trabalho tende a transformar o processo de trabalho em um processo técnico em que o agente humano de produção cada vez mais realiza em maior medida o papel de supervisor, inventor e experimentador. Essa tendência é inerente a crescente produtividade do trabalho e sua mesma expressão. É a extensão do reino da liberdade, ou melhor, do reino da liberdade aparente, dentro do reino da necessidade. O próprio processo de trabalho, o trabalho socialmente necessário, se situa, em sua racionalidade, ao serviço do livre jogo da mente, da imaginação, ao livre jogo com as possibilidades prazerosas das coisas e da natureza.

Assim, essas duas tendências, uma expandindo o reino da necessidade dentro do reino da liberdade, a outra sendo extensão aparente do reino  da liberdade  dentro do reino da necessidade, expressam as contradições básicas do capitalismo no estágio do progresso técnico competitivo: O conflito entre o crescente padrão de vida expandindo a forma mercadoria nas relações dos homens e das coisas, o modelo de progresso americano por um lado, e, por  outro lado, o crescente potencial de liberdade dentro da esfera da necessidade, a saber, a possível transformação da esfera da necessidade por homens e mulheres determinando suas próprias necessidades, determinando seus próprios valores, determinando suas próprias aspirações. Em outras palavras, não apenas a redução da jornada de trabalho, mas a transformação do trabalho em si, e, não apenas pelas relações básicas de produção e instituições do socialismo (que continuam sendo o pré-requisito  para qualquer sociedade livre), mas também por meio da emergência e educação de um novo tipo de homem, um homem livre de necessidades, aspirações e atitudes agressivas e repressivas da sociedade de classes, seres humanos que criam , solidariamente e por sua própria iniciativa, seu próprio ambiente, seu próprio Lebenswelt [mundo da vida], sua própria “propriedade”.

Perto do final do primeiro volume de O Capital de Marx, o socialismo é definido como a restauração da propriedade individual sobre a base da socialização dos meios de produção e da terra. Penso que deveríamos entender essa curiosa e hoje bastante esquecida reintrodução do conceito de propriedade individual dentro da mesma definição de socialismo como uma visão dos traços mais essenciais do socialismo: a visão de um novo modo de vida.

O Sujeito de uma sociedade socialista deve ser o Sujeito de uma nova sensibilidade. Existe uma raiz instintiva de liberdade no próprio indivíduo e se essa raiz instintiva não puder crescer, a nova sociedade não será livre, independentemente das instituições que se apresentem. A raiz instintiva de liberdade no indivíduo, por exemplo, gerará uma necessidade biológica de silêncio, solidão, paz; uma necessidade de beleza e de prazer, não como momentos passageiros de relaxamento, mas como qualidades de vida, que serão incorporadas ao espaço mental e físico da sociedade. Esta, e só esta, seria a “negação definitiva”, a ruptura com todo o universo de dominação e exploração e com o desenvolvimento repressivo das forças produtivas. A sociedade socialista como uma sociedade qualitativamente diferente seria a conquista de homens e mulheres que se liberaram da cultura material e intelectual da sociedade de classes, e que são livres para desenvolver uma linguagem, uma arte e uma ciência que respondam a um projeto de sociedade livre.

Não esqueçamos que a dominação e a exploração se perpetuam não só nas instituições das sociedades de classe, mas também nos instintos e pulsões e aspirações conformadas pela sociedade de classes, também naquilo que as pessoas, isto é, os governados e administrados, amam, odeiam, lutam por conseguir, encontrar o belo, o prazeroso etc. A sociedade de classes não se encontra unicamente na produção material, não se encontra unicamente na produção e reprodução cultural, se encontra também na mente e no corpo dos sujeitos e objetos do sistema.

Todos nós conhecemos este truísmo, mas somente os estudantes têm se rebelado, articulado em teoria e prática, têm incorporado a ideia de que a revolução, desde o início, deve construir uma sociedade não somente quantitativa, mas também qualitativamente distinta. O movimento estudantil tem articulado aquilo que todos conhecíamos de uma maneira abstrata, ou seja, que o socialismo é antes que nada uma nova forma de existência humana. Digo “desde o início”, mas, podemos realmente nos atrever a dizer “desde o início”? Seguramente, a abolição da escassez, a eliminação das desigualdades, o aumento do nível de vida permanece e deve permanecer como os objetivos principais de todas e de cada uma das sociedades socialistas, mas penso que o esforço para alcançar esses objetivos não deveria estar ponderado pelo peso, o peso morto do modelo americano de industrialização e modernização, o modelo americano de crescimento do padrão de vida. A industrialização e a modernização podem se manter à la mesure de l’homme [a medida do homem], isto é, se pode evitar as características massivas, ruidosas, feias, tristes e competitivas da produção e do consumo capitalistas, e se pode construir um habitat em que a sensibilidade humana, o corpo humano, os instintos vitais do homem podem finalmente encontrar esse universo que o nível de progresso técnico obtido e realizável torna hoje possível.

Para concluir, gostaria de oferecer dois apontamentos que se referem a discussão que já tem tido lugar aqui e que, eu espero, continuará. Falei de autodeterminação como a diferença qualitativa de uma sociedade socialista; gostaria de enfatizar: autodeterminação não se traduz adequadamente como “Selbsverwaltung”, “autogestão”. Esses termos designam uma forma diferente de administração; não articulam o conteúdo e o objetivo da administração. Uma simples mudança na forma de administração não é ainda uma diferença qualitativa. Inclusive se a mudança na administração apenas substituir uma classe por outra, ou melhor, por certos grupos dessa outra classe, não é ainda uma mudança qualitativa, contanto que a nova classe mantenha as aspirações e valores da sociedade estabelecida, enquanto o progresso capitalista permanece como o modelo mais ou menos oculto de progresso. O decisivo, em primeiro momento, não é tanto a forma de administração quanto que se vai produzir, para que tipo de vida vai se produzir, e que prioridades se estabelecerão e se realizarão. Só se a produção mesma é guiada por homens e mulheres com novos objetivos e novos valores, só assim podemos falar das emergências de uma sociedade qualitativamente diferente.  

Em segundo lugar, deve se perguntar a questão de, se a destrutiva coexistência competitiva entre socialismo e capitalismo que marca o conteúdo de nossa época não é um obstáculo insuperável para a emergência do socialismo como uma sociedade qualitativamente diferente. Não impõe esta coexistência competitiva sobre as sociedades socialistas vias e modos de produção, vias e modos de administração que militam contra a transição a uma sociedade livre, movida por novos objetivos e novas aspirações?

Esta coexistência pacífica é o fator básico de nossa época. Não se pode subestimar, não se pode esquecer, não se pode deixar de fora qualquer consideração da estratégia e da teoria socialista. Mas, então teremos que perguntar se esta competência destrutiva, agravada pela terrível vantagem que levam as sociedades capitalistas, pode ser quebrada de alguma maneira. E eu recomendaria que essa possibilidade resida em uma visão diferente de socialismo e em uma práxis que lute por mover esta visão para a realidade. E acredito, em efeito, que os acontecimentos dos que temos sido testemunhas durante os últimos meses têm mostrado que esta esperança não é completamente utópica.


Autor: Herbert Marcuse
Fontes utilizadas na tradução:
Original: https://www.marcuse.org/herbert/pubs/60spubs/69praxis/69praxis.htm
Tradução para o espanhol: http://www.youkali.net/2emarcuse.pdf
(por Aurelio Sainz Pezonaga)
Tradução: André Luiz & Jade Amorim [Tradutores Proletários]
Revisão: Marcos Alcyr Brito de Oliveira [Independente]

Arte de capa: Eliel Micmás [Tradutores Proletários]
Recursos utilizados:
* Marinier, Miracle naturel: mapa astral [Wellcome Trust] (https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Marinier,_Miracle_naturel;_zodiac_chart._Wellcome_L0026942.jpg) [CC BY 4.0]
* Várias notas de dólar [Jericho] (https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Money_Cash.jpg) [CC BY 3.0]

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