Em termos econômicos, o fim da escala 6 por 1 aumentaria a demanda por trabalho sobretudo nas áreas em que ela é mais comum, como shoppings centers, supermercados e comércios em geral. Segundo consta em dados como o anuário de 2021 do ILAESE, a força de trabalho disponível ou a população economicamente ativa hoje no Brasil soma aproximadamente 110 milhões de trabalhadores, dos quais apenas aproximadamente 45 milhões estão formalmente empregados. Sem dúvidas, a redução da jornada de trabalho significaria a inclusão de parcela dos trabalhadores sobrantes à ativa. Embora haja a gritaria habitual do capital, se considerarmos a questão puramente de seu ponto de vista, a equação é positiva: o aumento do efetivo amplia o mercado consumidor e possibilita a expansão da produção, o que, por sua vez, garante novos ciclos de acumulação. Inclusive, a medida funciona como solução temporária para o problema da financeirização do capital que, tendo agora onde ser alocado, pode retornar ao setor produtivo. Contudo, o grande ouro da questão não está aí. Aliás, defender a redução da jornada de trabalho por esse prisma é naturalizar a exploração do capital. Isso para não dizer ainda das insuficiências da proposta: na medida em que quase dois terços da força de trabalho está excluída da produção e sobrevive apenas das transferências de valor (do consumo daqueles que estão de fato inseridos no ciclo produtivo), a redução da jornada para 36 horas semanais não dá conta do problema, é ainda muito tímida.

Jailson Ramos

Jailson Ramos é mestre em multimeios pelo IA/Unicamp.

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