Lembrar Gaza: dois anos no tempo suspenso da catástrofe — Ariane Velasco e Gabriel Teles
Há datas que se impõem ao tempo como feridas. O 7 de outubro é uma delas. Não apenas por inaugurar mais um ciclo de destruição em Gaza, mas por revelar, com clareza insuportável, aquilo que há muito já se desenhava: o colapso moral e político de uma era que ainda ousa chamar-se civilização. A história recente parece condensar-se nesse ponto — o instante em que a promessa de humanidade se desfez em poeira, sob o ruído das bombas e o silêncio cúmplice do mundo.