Toda sociedade reproduz os pressupostos de sua existência nos indivíduos que pertencem a ela; indivíduos que, por sua vez, reproduzem a estrutura social na qual eles vivem através de suas atividades. Se a sociedade entra em uma crise, isso se refletirá na existência dos indivíduos. Cada vez menos há pessoas trabalhando sob as chamadas condições normais de trabalho. Ao mesmo tempo, a porção da população vivendo em pobreza relativa ou sob o risco de pobreza, está aumentando. Dependendo da pesquisa, o número de trabalhadores precários – aqui, como exemplo, nos referimos aos valores da Alemanha em sua condição de nação exportadora – gira em torno de 25 a 40%; nove em cada dez pessoas temem a queda na escala social e a pobreza.[1] Essa ameaça e o medo que gera produzem uma resposta específica que põem em perigo a coesão social. Nessa forma de reação reside um narcisismo que, enquanto atitude, é altamente promovido e exigido nas condições sociais do capitalismo tardio.

O aumento do isolamento [Vereinzelung] dos indivíduos burgueses

O credo neoliberal, que determina diretrizes da política e da economia, prega que “uma boa sociedade é uma sociedade de indivíduos fortes”.[2] Esses indivíduos ouvem constantemente que devem competir por seus empregos, pelas vagas no sistema educacional e pelo êxito e prestígio [Ansehen] como um todo. Ao fazê-lo, eles devem mostrar disposição de mudança, alta flexibilidade pessoal e um constante desejo de aprimoramento diário. Outras formas de relacionar-se são consideradas inferiores e tendem ou a serem afastadas ou, se são indispensáveis – como no caso da educação infantil –, a serem entregues às necessidades do processo geral de valorização [Verwertungsgeschehens], sendo, a partir disso, modeladas por ele. Essa tendência se intensificou no decorrer das últimas décadas e aprofundou ainda mais o isolamento dos indivíduos burgueses. Nesse contexto, a concepção de narcisismo de Sigmund Freud vem adquirindo uma grande relevância e títulos que tratam da temática podem ser vistos com maior frequência nas listas de bestsellers. Por exemplo: A sociedade narcisista [Die narzisstische Gesellschaft] do psicanalista Hans-Joachim Maaz (2012); Uma geração incapaz de compromisso [Generation Beziehungsunfähig] do jornalista Michael Nast (2016) ou Eu primeiro! Uma sociedade da Ego Trip [Ich zuerst! Eine Gesellschaft auf dem EGO-Trip] do cientista políticio Heike Leitschuh (2018). Além disso, o tema adquiriu mais relevância na imprensa desde a eleição do agitador narcisista [Paradenarzissten] Donald Trump à presidência.

A principal característica do narcisismo pode ser vista numa tendência de disseminação desenfreada do egocentrismo[3], que se manifesta nos indivíduos na forma de um exagerado senso de autoimportância, fantasias de sucesso e poder ilimitado, além de um desejo de admiração excessivo. Por trás dessa superfície, contudo, reside uma autoestima extremamente fraca. Narcisistas possuem uma fome insaciável de reconhecimento externo e afirmação[4], o que os torna extremamente vulneráveis às demandas neoliberais de adaptação flexível. É nesse sentido que muitos deles são mestres da autoexibição [Selbstdarstellung] e da autopromoção [Selbstvermaktung][5].

Narcisismo no pós-fordismo

Sigmund Freud foi o primeiro a lidar com esse fenômeno em 1914. Segundo Freud, para que se chegue a ser um membro maduro e autoconfiante da sociedade burguesa, toda pessoa dos 3 a 5 anos deve passar e superar o que ele chama de Complexo de Édipo. Tal processo ocorre dentro dos marcos da família nuclear burguesa. Ao fazê-lo, o jovem dá o passo decisivo em direção ao desenvolvimento de sua própria personalidade burguesa e da capacidade de participar da reprodução material e simbólica da sociedade. O resultado, dentre outras coisas, é uma orientação geral rumo ao avanço profissional [Aufstiegsorientierung] mantido e cultivado tipicamente nas famílias pequeno-burguesas. Os ganhos em adaptação a partir da orientação edipiana – sobretudo a disposição para o trabalho, diligência e disciplina – foram recompensados em épocas anteriores com o fato de que uma vida predefinida, estruturas claras e, em geral, um futuro profissional seguro estavam garantidos.

Ao passar pela fase edipiana durante a infância algo acontece simultaneamente. Quando se inicia a socialização para a subjetividade burguesa as crianças são confrontadas com o risco fundamental de falhar na sociedade, elas reagem a esse risco potencial imaginando um estado de completa independência e negam, assim, seu vínculo em relação aos outros. Se por um lado a porção edipiana do sujeito enquanto “homem-feito” [gestandener Mann] não só sucumbe sem queixas perante as condições externas, mas também contribui ativamente para sua manutenção e reprodução, a porção narcisista defende-se contra uma realidade externa restritiva e ameaçadora, refugiando-se numa interioridade na qual ela mesmo governa de forma absoluta e onipotente.

Essa segunda tendência psicológica vem sendo fortemente promovida a partir do pós-fordismo – ou seja, desde os anos 70 –, o que tem legado a um segundo plano a primazia das ocorrências edipianas. A segurança profissional tornou-se um luxo hoje em dia; portanto, um comportamento edipiano “correto” é cada vez menos recompensado. Nada escapa mais aos arbítrios do “livre mercado”. Os trabalhos já não são mais estáveis, podendo ser terceirizados, reestruturados ou simplesmente eliminados a qualquer momento (Twenge and Campbell 2009: 52). Qualquer um pode tornar-se repentinamente inútil em consequência de um súbito desenvolvimento ou mudança no gosto das massas, ou a partir da introdução de um novo método de produção que ninguém pode antecipar. Em um mundo instável e que ameaça a existência os indivíduos se veem completamente voltados para si mesmos. A parcela edipiana da personalidade tem, portanto, cada vez menos pontos de referência a partir dos quais poderia orientar-se. Em contraposição, a sensação de vulnerabilidade [schutzlos] está aumentando; experenciada com uma sentença de morte, os indivíduos fazem tudo o que está ao alcance para suprimirem esse sentimento.

Ao, simultaneamente, aumentar a demanda por uma capacidade incondicional de flexibilidade e de autopromoção a sociedade atual faz crescer de forma vertiginosa a parcela narcisista da personalidade. Por outro lado, a venda da força de trabalho torna-se a venda da própria personalidade, como se ela fosse uma mercadoria: devemos sempre oferecer a cada instante nossa própria versão do que o mundo do trabalho demanda. Com a questão de como podemos aumentar nosso próprio valor de mercado – ou ao menos preveni-lo de declinar – tudo o que até o presente momento nos constituiu em termos de personalidade revela-se gradualmente, tratando de uma prática recorrente de abnegação, que se torna mais fácil na mesma medida em que assumimos previamente tal constituição narcísica. Tal forma de vida é correspondente a um intenso sentimento de vazio e falta de autenticidade (Lasch 1979: 50-1), dada a constante rapidez de adaptações ao trabalho e trocas frequentes de parceiros, quem pode dizer que tipo de pessoa é ou não é? É precisamente esse processo que culmina na personalidade narcísica, que, no fim das contas, pode equivaler a qualquer coisa, dado o grande vazio [Nichts] a partir do qual está constituída.

Integração [Erfassung] das mulheres no desenvolvimento geral

Durante um longo tempo, o condicionamento econômico das crianças aplicava-se quase exclusivamente aos homens. Até os anos 70 as adolescentes experimentavam um processo diferente de seus pares masculinos. Até então a criança do sexo feminino “adentra o Complexo de Édipo como se adentrasse num refúgio” (Freud 2001: 129), preparando-se não para o papel de um competidor, mas de uma futura mãe e esposa. A divisão sexual do trabalho ligada a formação de uma esfera pública de competência generalizada era dominante, e os homens que majoritariamente ocupavam-se dela; por outro lado havia uma esfera privada, doméstica e familiar ocupada essencialmente pelas mulheres. Nesse último âmbito a mulher era, entre outras coisas, responsável pela educação e cuidado das crianças.

A partir das últimas cinco décadas uma certa igualdade de gênero foi construída, contudo, ela ainda corresponde a imagem do ideal masculino baseado no sucesso profissional e na capacidade de prover a maior parte da renda familiar – as mulheres são quase sempre as primeiras a ter que ceder quando se trata de passar o tempo livre com a família. Apesar da introdução dos homens no trabalho doméstico, são as mulheres que ainda despendem mais horas ou até o dobro de tempo que seus companheiros nas tarefas domésticas diárias; além disso, devido a necessidade de ambos os parceiros estarem empregados, muitas famílias não têm outra escolha além de entregarem o mais cedo possível seus filhos a instituições educacionais, onde as crianças são submetidas a medidas que visam sua futura inserção no sistema de ensino e, por fim, no mercado de trabalho. Somado a isso, os pais cada vez mais destinam seu tempo e energia para preparar as crianças o mais cedo possível para a competição generalizada. Muitos proporcionam a seus filhos brinquedos educacionais como os vídeos “Baby Einstein” ou mesmo estimular o feto com música clássica supostamente benéfica. Cada vez mais as crianças vivem num lar orientado ao rendimento. O resultado disso é uma experiência de profunda solidão já na infância (Leitschuh 2018: 143). Devido a incerteza generalizada da vida no pós-fordismo descrita acima, coerções sociais aparecem de modo crescente e abrupto desde cedo enquanto, simultaneamente, experiências de comprometimento pessoal e afeto tendem a ser deixadas de lado.

Capitalismo e constituição psicológica

O núcleo essencial das sociedades capitalistas é a autovalorização do valor, isto é, o dinheiro enquanto capital, cujo único propósito é transformar-se em mais dinheiro mediante o desvio de uma mercadoria (ou serviço) produzida e sua venda: “o capital é utilizado para gerar capital, para gerar capital, para gerar capital” (Distelhorst 2014: 105) – um círculo infinito e completamente sem sentido que absorve tudo ao seu redor. No centro desse movimento não há nada além do vazio de uma autorreprodução que não se finda; um grande nada que, passo a passo, mina qualquer outro tipo de relação significativa ao arrastar tudo para dentro dessa tautologia vazia.

Na modernidade tardia, as pessoas competem entre si num grau ainda mais elevado que antes. Como descrito acima, o mundo do trabalho atualmente não aparenta mais confiança, apesar de permanecer uma estrutura extremamente exigente na qual devemos nos integrar desesperadamente visando uma vida prazerosa e segura. Contudo, mudanças drásticas ameaçam por todos os lados e a todo momento; isso, junto a outras coisas, pode ser visto na expansão de relações de trabalho precárias, no desmantelamento e crescente repressão do Estado de bem-estar social e no retorno da pobreza. O medo do fracasso no capitalismo é onipresente, relações pessoais são rapidamente sacrificadas em nome da flexibilidade e degeneram em associações passageiras ou em “networks” que ajudariam a manter a maior quantidade possível de “contatos” e abririam o leque das opções de carreira (Samol 2016: 42). Nesse ambiente, empatia com as outras pessoas é um luxo que podemos dispor cada vez menos (Leitschuh 2018: 117).

Desejabilidade geral do comportamento narcisista

Comportamentos narcisistas são atualmente desejados em quase toda parte e levam mesmo ao sucesso: no mundo do trabalho, nos meios de comunicação, na política, entre outros, eles são recompensados com reconhecimento, admiração e promoção. Em vista dessas circunstâncias, discute-se seriamente nos círculos especializados se o narcisismo deveria deixar de ser considerado um transtorno de personalidade dentro das normas do diagnóstico psiquiátrico. Atualmente, não só as próprias habilidades, mas também os sentimentos, traços de personalidade e relações foram convertidos em subprodutos do marketing. Na sociedade de rendimento [Leistungsgesellschaft] totalmente flexível e insegura do novo milênio, os narcisistas já não possuem as restrições de outrora, mas estariam sim sempre prontos para a reinvenção: eles são os sujeitos apropriados para o capitalismo em crise.

Promotores de si mesmo [Selbstdarstellerlnnen] adaptáveis e impiedosos (tanto com as outras pessoas quanto com sua própria empresa ou profissão) são produzidos e encorajados. Contra esse vazio e a ausência de relações, as pessoas cultivam a convicção de que seriam especiais; nutrem a imaginação de sua própria grandeza, força e brilhantismo. Mesmo sendo apenas um estagiário ou possuindo um emprego precário sem muitas perspectivas de futuro, eles torcem a verdade para que pareçam e sintam-se melhores; ainda que no limite do vazio, eles fortalecem a possibilidade de realmente estarem aptos a conquistar tudo. Internamente isso corresponde a dicotomia de suas fantasias de onipotência, isto é, por um lado a ilusão de uma liberdade individual e independência absoluta aliadas ao sentimento de impotência face ao crescimento da insegurança e da heteronomia [Fremdbestimmtheit] de sua própria existência em relação ao outro (Lewed 2005: 131). Essa oposição não surge apenas no ambiente familiar, mas ancora-se na sociedade burguesa como um todo. Assim como o dinheiro ao tornar-se capital, que depois de sua reprodução bem sucedida deve mais uma vez procurar de forma imediata por uma nova oportunidade de investimento, os indivíduos devem também estar sempre prontos para a busca do próximo sucesso e, desse modo, mitigar o vazio interior e as severas ansiedades atuais. Ambos, capital e personalidade narcisista, encontram-se num movimento infinito, vazio e tautológico – e por isso complementam-se e promovem-se tão bem.

Prognóstico

Na forma de um perpétuo louvor de si próprio – superestimando-se imensamente e incapazes de constituir laços estáveis; pessoas que devem estar sempre se vendendo na forma de uma força de trabalho altamente flexível – o produtor privado isolado, requerido pelas relações capitalistas, alcança sua forma perfeita. Vazio em seu interior, lutando sem descanso pela confirmação externa e o reconhecimento superficial de sua personalidade, ele constitui o conteúdo mais apropriado para o movimento vazio, infinito e, em última instância, sem sentido da exploração capitalista. Isso também tem um lado terrivelmente obscuro. Se os narcisistas falham em alcançar as demandas da sociedade, tendem a empreender ações substitutivas nas quais sua energia essencial é descarregada em busca de alternativas. A forma mais destrutiva dessa deriva é sem dúvida a matança indiscriminada, em que a megalomania narcisista se realiza através da autodestruição e da destruição dos demais.

Deve estar claro que não pode ser um sinal de saúde mental estar bem adaptado a uma sociedade adoentada (Nast 2016: 230). Contudo, a abolição da forma-sujeito narcisista não é possível dentro das condições atuais. Uma vida fora da autorregulação narcisista teria uma forma completamente diferente: sem a obsessão pelo trabalho, sem o stress da competição e do rendimento, sem necessidade de ser um lutador solitário e sem a pressão de exibir-se e afirmar-se constantemente. O prevalecimento dessas condições impede o desenvolvimento de indivíduos sociais livres para além da subjetividade mercantil. A esperança reside em reconhecer que nós, como seres humanos, somos seres genéricos que necessitam de vínculos diversos, e não de meras relações unidimensionais. Os requisitos materiais para isso estão presentes desde muito tempo em nosso mundo, que se caracteriza pela superprodução. Por outro lado, para chegarmos lá, não podemos deixar que a socialização transcorra dentro de um processo inconsciente de valorização, processo esse que enfrentamos como uma fatalidade e que, por nossa parte, executamos e reproduzimos diariamente. Tal processo tem se tornado cada vez mais disfuncional; isso, infelizmente, não significa que estejamos nos dirigindo automaticamente em direção a uma sociedade liberada. Não temos nenhuma garantia de que seja possível reverter o processo social destrutivo e substituirmos por uma socialização consciente. Contudo, a crítica radical da forma sujeito no capitalista, de sua lógica e sua dinâmica psicossocial interna, é um primeiro passo necessário nessa direção.



10 de junho, 2020

Tradução: Ricardo Menezes
Revisão: Jade Amorim
Original: https://www.krisis.org/2020/narcissism-as-norm/


Notas

[1] Schindler, Jörg (2016) “Die steile Karriere des Wörtchens ‘selbst’.” In: Frankfurter Rundschau, 20.8, pp. 22-3.

[2] Bude, Heinz (2019) “Solidarität ist keine Hängematte” (Interview). In: Frankfurter Rundschau, 14.3, 32.

[3] Mühl, Melanie (2015) “Narzissmus: Ich kam, ich sah, ich wirkte.” In: Frankfurter Allgemeine Zeitung, 24.2. <http://www.faz.net/aktuell/feuilleton/debatten/narzissmus-ist-das-krankheits- bild-unserer-zeit-13443497.html/>.

[4] Kohut, Heinz (2009) The Analysis of the Self: A Systematic Approach to the Psychoanalytic Treatment of Narcissitic Personality Disorders. Chicago: University of Chicago Press.

[5] Twenge, Jean M. / Campbell, W. Keith: The Narcissism Epidemic. Living in the Age of Entitlement. New York 2009

Referências

Bösch, Robert (2000) “Allmacht und Ohnmacht. Zur Psychopathologie des bürgerlichen (d. h. männlichen) Subjekts.” In: Krisis 23, pp. 99-120.

Bude, Heinz (2019) “Solidarität ist keine Hängematte” (Interview). In: Frankfurter Rundschau, 14.3, 32.

Distelhorst, Lars (2014) Leistung: Das Endstadium der Ideologie. Bielefeld: transcript.

Freud, Sigmund (2001) “Femininity.” In: The Standard Edition of the Complete Psychological Works of Sigmund Freud, Vol. XXII. London: Vintage.

Kohut, Heinz (2009) The Analysis of the Self: A Systematic Approach to the Psychoanalytic Treatment of Narcissitic Personality Disorders. Chicago: University of Chicago Press.

Lasch, Christopher (1979) The Culture of Narcissism: American Life in An Age of Diminishing Expectations. New York: W.W. Norton & Company.

Leclerc, Florian (2019) “Aufstehen gegen Rassismus.” In: Frankfurter Rundschau, 18.3, 25.

Leitschuh, Heike (2018) Ich zuerst! Eine Gesellschaft auf dem EGO-Trip. Frankfurt am Main: Westend.

Lewed, Karl-Heinz (2005) “Schopenhauer on the Rocks: Über die Perspektiven postmoderner Männlichkeit.” In: Krisis 29, pp. 100-42.

Maaz, Hans-Joachim (2012) Die narzisstische Gesellschaft: Ein Psychogramm. Munich: C.H. Beck.

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Nast, Michael (2016) Generation Beziehungsunfähig. Hamburg: Edel Books.

Samol, Peter (2016) “All the Lonely People: Narzissmus als adäquate Subjektform des Kapitalismus.” In: Krisis 4. <http://www.krisis.org/2016/all-the-lonely-people-krisis-42016>.

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